Novos produtos e serviços surgem e se vão no mercado atual, que é extremamente competitivo e exigente atualmente. Os riscos que estão envolvidos no lançamento de um produto são grandes e, muitas vezes, as equipes focam muito mais na solução do que no problema, o qual deve ser muito bem analisado em diferentes perspectivas de atuação.
E é aí que a Lean Inception entra. Mas o que é isso, em primeiro lugar?
O que é Lean Inception e como funciona
Lean Inception é um método aplicado através de um workshop colaborativo, criado por Paulo Caroli, que combina conceitos do Design Thinking e da Lean Startup para atacar um problema da forma mais simples e viável possível com o objetivo final de definir o MVP a ser lançado, criando um plano de evolução frente às reais necessidades que surgirem com a experiência de uso das pessoas com o produto.
MVP significa Produto Mínimo Viável (ou Minimum Viable Product, em inglês) e é a versão mais viável e simples de um produto para introduzi-lo ao mercado e validar ideias e hipóteses relacionadas ao valor deste produto. A validação do MVP serve para gerar novas ideias em relação a como incrementar este produto de forma que continue atendendo as necessidades de seus usuários, conforme esquema abaixo:
Mas como posso criar um MVP de qualidade?
Um Produto Mínimo Viável deve sempre estar na interseção entre: factível, valioso e usável. Isto é, ele deve agregar valor aos usuários do produto e também ao negócio, deve ser factível com as ferramentas técnicas disponíveis, e deve ser usável de acordo com as necessidades dos usuários, além de estar em pleno funcionamento para ser inserido no mercado. Ou seja, não deve ser um protótipo. Isso porque um protótipo de um produto é apenas uma simulação da real ideia e dos conceitos que o envolvem, devendo ser utilizado nas fases de planejamento e testes primários do produto.
Portanto, a Lean Inception pode auxiliar uma empresa a construir um MVP bem estruturado para validar ou não algumas hipóteses sobre o produto, o mercado e os usuários. Ainda, é possível obter dados reais de utilização do produto de forma rápida e gastando menos dinheiro para isso.
Hipóteses podem ser um importante fator para um produto. Às vezes, fazemos um MVP para resolver um problema inicial e, durante a experimentação do produto, é constatado que aquela solução não serve para resolver aquele problema, mas sim outros identificados durante a validação, estes podendo ser mais valiosos que o inicial. Isso é o ato de pivotar um produto, ou seja, mudar o foco dele para continuar respondendo positivamente ao mercado.
Legal! Mas como aplicar o Lean Inception?
A dinâmica da Lean Inception segue durante 5 dias em colaboração de participantes de diversas áreas de atuação profissional, nos períodos da manhã e tarde. Ela é composta por Kick-off, Visão de Produto, “É / Não é – Faz / Não faz”, Objetivos do Produto, Personas, Jornada do Usuário, Brainstorming de Funcionalidades, Revisão Técnica / Negócio / UX, Sequenciador de Funcionalidades, e Canvas MVP.
- Kick-off
A Lean Inception é iniciada com o Kick-off, no qual os stakeholders (partes interessadas) apresentam e explicam o problema ou o desafio a ser explorado durante os dias, com o objetivo de alinhar todos os participantes sobre isso e sobre a agenda da semana. É neste momento, também, que os participantes se apresentam a todos os envolvidos.
- Visão do Produto
Após o Kick-off, dá-se início à primeira atividade da dinâmica Lean Inception: Visão do Produto. Esta atividade propõe um framework, que é uma estrutura pré-determinada, para que todos os envolvidos definem o que é a essência do produto a ser construído, ou seja, qual é a visão de um estado futuro que um determinado grupo tem sobre o produto idealizado.
Com isso, a estrutura pré-determinada da atividade em questão é composta por: “Para (cliente final), cujo (problema a ser resolvido) requer um (tipo de produto ou categoria) que proporciona (benefícios). Diferentemente da (concorrência), nosso produto tem (diferenciais do produto).”
Nessa atividade, os participantes darão suas diferentes visões sobre o produto em questão, contribuindo com algumas ideias para então definirem a visão de produto em conjunto, deixando, assim, todos na mesma página.
- É / Não é / Faz / Não faz
Muitas vezes, em relação a produtos digitais, é mais fácil dizer o que eles são e o que fazem. Porém, definir o que eles não fazem é tão importante quanto decidir o que fazer de fato.
Portanto, a terceira atividade é onde todos devem idealizar o que o produto é e o que ele não é, o que ele faz e o que ele não faz. Ela serve para alinhar todos os participantes ao produto e classificá-lo quanto aos pontos positivos e negativos de seu funcionamento assim que for construído.
- Objetivos do Produto
A quarta atividade é aquela em que os participantes devem expor individualmente sobre o que entendem como objetivo para o negócio, ou seja, o que o negócio deve buscar com o produto. Assim que todos os pontos de vista forem discutidos, os participantes devem agrupar as ideias para então definir alguns objetivos macro do produto. É importante que a definição do objetivo do produto seja feita de forma bem pensada e estratégica a fim de evitar que o projeto encontre certas dificuldades no futuro, como quando o produto estiver pronto para ser validado com pessoas reais.
A pergunta-guia nesta atividade é: se você tiver que resumir o produto em três objetivos para o negócio, quais seriam eles?
- Personas
Todo produto tem usuários e cada tipo de usuário corresponde a uma determinada persona mapeada. Persona é a representação do cliente ideal de uma empresa ou um produto, e é realizada com base em pesquisas quantitativas e qualitativas com pessoas reais.
O mapeamento de personas é um dos artefatos mais importantes de um produto e é imprescindível para garantir que a tomada de decisão para melhorias de produto satisfaçam as necessidades de todos os perfis de usuários que podem utilizar o produto ou serviço em questão.
Continuando as atividades da Lean Inception, os participantes devem produzir pelo menos uma persona que represente, idealmente, os potenciais usuários do produto a ser construído. Essa atividade também vai auxiliar na definição de funcionalidades do produto ou serviço, uma vez que são essas personas que vão entrar em contato e interagir com o produto final a fim de resolver um problema.
- Jornada do Usuário
Todos nós temos uma jornada e uma experiência agregada quando utilizamos um certo produto ou serviço, sejam eles físicos ou digitais. Você se lembra daquela vez que você foi tentar cancelar uma compra e ficou frustrado?
Nós construímos jornadas de usuários de um produto ou serviço a fim de mapear pontos positivos, negativos e de dor com relação à utilização do produto, ligando com as funcionalidades necessárias para resolver o problema. Essas jornadas devem ser construídas visando sempre uma boa experiência, para que as pessoas continuem utilizando o produto e criem confiança nele.
Para esta atividade da Lean Inception, os participantes irão construir uma jornada de usuário que descreva uma sequência de passos que um usuário deve percorrer para atingir um determinado objetivo. Essa jornada mostrará o mapeamento de pontos de contato que os usuários terão ao utilizar o produto, e auxiliará para a próxima atividade que é o Brainstorming de Funcionalidades.
- Brainstorming de Funcionalidades
Em todo e qualquer tipo de produto ou serviço, os usuários precisam realizar algum tipo de ação ou interação para atingirem um objetivo definido ou para resolverem algum problema. Essas ações ou interações são conhecidas como funcionalidades de um produto.
Nesta atividade, os participantes da Lean Inception devem conversar e discutir sobre o que os usuários estão tentando fazer e, assim, definir colaborativamente quais serão as funcionalidades do produto a ser construído. As funcionalidades devem ser descritas de forma simples e objetiva, a fim de atender um objetivo de negócio e uma necessidade da persona e da jornada mapeadas para o produto.
Com isso, os participantes devem terminar a atividade com uma lista de funcionalidades gerais idealizadas para o produto. Porém, cada funcionalidade exige esforços agregados para implementá-la de fato no MVP, e esses esforços serão analisados na próxima atividade.
- Revisão Técnica, de Negócio e de UX
Cada funcionalidade de um produto fará uma ação ou terá uma interação com o usuário a fim de que ele atinja seu objetivo final.
Nesta atividade, as funcionalidades de um produto digital devem ser analisadas com base no esforço técnico mínimo, ou seja, deve ter uma baixa complexidade de implementação e conhecimento; no entendimento do que vai gerar valor para o negócio; e o que vai gerar valor para a experiência do usuário (também conhecido pela sigla UX, User Experience em inglês), o qual perceberá este valor na forma de satisfação na utilização do produto.
Esta atividade da Lean Inception auxilia no início da priorização de funcionalidades com base em critérios essenciais como esforço técnico, valor para o negócio e valor de experiência do usuário, uma vez que um MVP é a versão inicial, mais simples e viável economicamente de um produto prestes a ser lançado no mercado. Portanto, esta atividade também faz com que os participantes pensem em como simplificar a construção do produto através da seleção de funcionalidades realmente essenciais para os usuários e o negócio.
- Sequenciador de Funcionalidades
Com as funcionalidades mapeadas e analisadas, a atividade em questão continua a priorização delas para então definir o sequenciador de funcionalidades, que é definição e organização das rodadas incrementais no lançamento do MVP. Isto é, os participantes devem distribuir as funcionalidades analisadas com base em uma sequência de incrementos para o MVP, de forma que os esforços para o primeiro lançamento sejam focados em uma sequência lógica e hierárquica, separando as funcionalidades essenciais das funcionalidades incrementais ao produto e à experiência do usuário.
- Canvas MVP
Por fim, como última atividade do workshop de Lean Inception, o Canvas MVP é um entregável de consolidação de todas as atividades do workshop realizadas, abordando as ideações colaborativas juntamente com outros aspectos sobre o produto, sendo eles: personas segmentadas, proposta do MVP, resultados esperados, jornadas, funcionalidades, custo e cronograma, e métricas de validação.
O Canvas MVP tem como objetivo alinhar os envolvidos no workshop, assim como possíveis investidores do produto, sobre a estratégia final definida para o MVP através da apresentação desse entregável, sendo assim possível que o cliente saia do workshop com todas as informações necessárias sobre o produto para que se inicie um projeto de fato.
Concluindo…
A Lean Inception é uma boa abordagem para quem ainda está em fase de definição e construção de um produto, para quem tem dúvidas sobre funcionalidades ou sobre a estratégia de lançamento e implementação do produto, além do acompanhamento e da validação da ideia com pessoas reais.
No ELDORADO, temos times altamente capacitados em técnicas de workshops colaborativos como o Lean Inception, além do time Consulting para ajudar na aceleração digital dos nossos clientes nos mais variados problemas e contextos. Ao unir os conhecimentos técnicos disponíveis no ELDORADO junto com a dinâmica de Lean Inception, é possível descobrir, idealizar e experimentar soluções que incentivam o pensamento criativo, articulando a inovação e criando valor para o usuários finais e para nossos clientes, sendo possível inserir o produto no mercado para validação com pessoas reais e para seus incrementos subsequentes.
